Quando falamos em Saúde Mental, estamos obviamente a remeter-nos à importância do tratamento e intervenção na doença mental mas, estamos a também a “trazer para cima da mesa” a discussão sobre a grande emergência de investir na prevenção destas problemáticas e na promoção do bem-estar e autocuidado.

Porque discutir a vida psicológica deve ser mais do que a doença, deve ser falar sobre Saúde. Como nos relembra, Francisco Miranda Rodrigues, Bastonário da Ordem dos Psicólogos Portugueses, “A Saúde Mental não pesa na mesa de negociações. E com isso perde-se no bem-estar das pessoas e perde-se na economia. Quando as pessoas não estão bem ao nível da Saúde Mental não conseguem ter o mesmo nível de produtividade” (OPP, 2024). Como sabemos, os problemas de saúde mental podem incluir um vasto conjunto de sintomas e sinais cognitivos, emocionais e comportamentais que se configuram numa determinada intensidade e persistência, conduzindo assim ao maior sofrimento ou disfunção individual.

Contrariamente, podemos e devemos conversar sobre o bem-estar que pode ser entendido como um completo estado físico, emocional e até social positivo. Aqui incluímos várias funções da vida humana, seja a nossa capacidade de desenvolver o nosso potencial criativo, de trabalhar produtivamente, de construir e criar, de estabelecer relações fortes e significativas e até de contribuir para a comunidade de uma forma consciente. Incluir também, a nossa satisfação e prazer de viver a vida com significado, a nossa autoestima e autocuidado, as nossas crenças, valores e muito mais.

Por isso, gostávamos de recordar que a nossa Saúde Mental, nem sempre é observável pelos outros, nem sempre ela tem uma imagem ou “face”, tal como a ansiedade e a depressão não têm aparência, o sofrimento não tem aparência, os efeitos do trauma psicológico não tem aparência, (sobre) viver em contextos familiares ou relacionamentos interpessoais disfuncionais não tem aparência, o luto e a perda não tem aparência. Contudo, a bondade, a tolerância e a compaixão, essas têm aparência, têm intenção e têm ação e muitas vezes vêm acompanhadas de uma escuta atenta e sem julgamento, pois elas iluminam e ajudam a curar e a construir esperança.

Terminamos alertando à importância de combatermos o estigma em Saúde Mental para que, desta forma, possamos contribuir para a normalização da procura de ajuda profissional especializada e para também, promovermos a maior literacia e discussão sem tabus sobre a nossa vida Mental.

As Psicólogas: Marisa Silva e Susana Cabanelas

Categorias: Notícias